terça-feira, 16 de julho de 2024

Novo ensino médio terá mais aulas de português, matemática e ciências

 Os alunos do ensino médio terão disciplinas novas e maior carga horária obrigatória a partir do ano que vem, de acordo com a reforma aprovada pelo Senado, na semana passada. O texto, que agora segue para sanção presidencial, diminui o número de disciplinas optativas e reforça a presença das disciplinas clássicas, como língua portuguesa, matemática e ciências da natureza. A medida vai atingir cerca de 8 milhões de estudantes. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) só sofrerá mudanças em 2027.

A nova legislação define uma carga horária de 2.400 horas para a formação geral básica, dentro do total de 3.000 horas do ensino médio. Desde a reforma de 2017, realizada no governo Michel Temer, a formação básica conta com 1.800 horas. O relator, deputado Mendonça Filho (União-PE), estabeleceu que, no caso de ensino médio integrado com curso técnico, a formação básica poderá ser reduzida para um mínimo de 2.100 horas, com 300 horas destinadas à integração entre a base curricular e a formação técnica profissional, podendo efetivamente diminuir a carga mínima para 1.800 horas.

A coordenadora pedagógica do ensino médio no CEI Romualdo Galvão/Roberto Freire, Ailse Carla, vê o aumento da carga horária obrigatória como um ponto positivo da reforma. “A ampliação da lista de disciplinas obrigatórias ocorre de forma positiva para permitir maior interdisciplinaridade entre as áreas do conhecimento. Com relação aos Itinerários Formativos, a mudança proporciona o aprofundamento do conhecimento em áreas de interesse dos alunos, alinhadas ao projeto de vida de cada um. Favorece um instrumento único para todas as escolas”, argumenta.

Rute Régis, professora do Centro de Educação da UFRN e coordenadora do Fórum Estadual de Educação do Rio Grande do Norte, vê as mudanças como positivas. “Essas disciplinas retornam para a base e isso é muito positivo. A carga horária também porque a gente tem o retorno das 3.000 horas. Como aspecto negativo eu destaco a língua espanhola que ficou de fora da base obrigatória. Ficou apenas a língua inglesa. O espanhol tem uma importância muito grande, até geopoliticamente falando, porque estamos em um continente que fala majoritariamente o espanhol”, destaca.

Foram mantidas como obrigatórias as disciplinas de português, matemática, inglês, artes, educação física, biologia, física, química, filosofia, geografia, história e sociologia. Agora, os Estados terão que adaptar as grades curriculares às novas diretrizes a partir de 2025. A reportagem da TN procurou a Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer do Rio Grande do Norte (SEEC) para detalhar como será o processo de implementação das novas regras, mas a pasta informou que irá aguardar a sanção do presidente Lula.


Desafio


A professora Ailse Carla reforça ainda que o principal desafio é encontrar o equilíbrio entre estruturar a carga e oferecer um ambiente que seja propício ao aprendizado dos alunos. “Acredito que os principais desafios estão ligados à estruturação dessa carga horária de forma a beneficiar o bem-estar e a aprendizagem dos alunos. Percebe-se que, ao longo dos anos no Ensino Médio, vem existindo um distanciamento do interesse do aluno, em encontrar sentido no que estudam”, comenta.

Os “itinerários formativos”, parte flexível do currículo que permite o aprofundamento de estudos ou cursos técnicos, mantêm essa denominação. O MEC sugeriu a mudança para “percursos de aprofundamento e integração de estudos”. A carga horária mínima anual do ensino médio passará de 800 para 1.000 horas, distribuídas em 200 dias letivos, podendo chegar a 1.400 horas de forma progressiva. O Senado havia proposto que 70% da carga horária anual fosse destinada à formação geral básica, mas essa sugestão foi rejeitada. A nova lei estabelece que o MEC, em parceria com os sistemas estaduais e distrital de ensino, deverá criar diretrizes para os itinerários.

Na discussão do projeto, o relator removeu o espanhol da lista de disciplinas obrigatórias, mantendo apenas o inglês como língua estrangeira obrigatória. Os estados podem oferecer outros idiomas opcionalmente, preferencialmente o espanhol, dependendo da disponibilidade. A obrigatoriedade de que cada município tenha pelo menos uma escola pública com ensino médio noturno regular, se houver demanda, foi mantida. Em relação ao ensino a distância, a expressão “ensino mediado por tecnologia” foi mantida, contrariando a alteração do Senado que enfatizava o ensino presencial mediado por tecnologia.


Reforma do ensino médio


Ensino médio segue dividido em dois blocos: disciplinas obrigatórias e itinerários formativos.

Carga horária de disciplinas obrigatórias passa de 1.800 horas/ano para 2.400 horas/ano

Ao contrário da lei anterior, o novo texto prevê que os alunos terão obrigatoriamente aulas de português, matemática, educação física, inglês, artes, biologia, física, química, filosofia, geografia, história e sociologia em todos os anos do EM.

Espanhol não será obrigatório.

Carga horária dos itinerários formativos, nos quais os alunos trabalham em projetos e outras atividades de escolha dos alunos, cai para 600 horas.

Matemática, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e sociais, além da formação técnica e profissional, são os cinco itinerários formativos previstos.

Para a formação técnica e profissional, o texto define uma nova carga horária. Antes eram definidas 1.800 horas de disciplinas obrigatórias e 1.200 horas para o ensino técnico. Agora estão previstas 2.100 horas de disciplinas obrigatórias e 900 horas para o curso técnico.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Câmara rejeita mudanças do Senado para o novo Ensino Médio

 A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (9) novas mudanças na reforma do ensino médio. A proposta já tinha sido analisada pelo Senado e agora será enviada à sanção presidencial.

O substitutivo do deputado Mendonça Filho (União-PE) mantém o aumento da carga horária da formação geral básica previsto no projeto original, de 1,8 mil para 2,4 mil horas nos três anos do ensino médio para alunos que não optarem pelo ensino técnico. A carga horária total do ensino médio continua a ser de 3 mil horas nos três anos. 

Para completar a carga total nos três anos, os alunos terão de escolher uma área para aprofundar os estudos com as demais 600 horas. A escolha poderá ser entre um dos seguintes itinerários formativos: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias ou ciências humanas e sociais aplicadas.

A proposta tinha recebido alterações no Senado Federal, que foram derrubadas pelos deputados. Entre elas, trecho que obrigava o ensino médio a ter no mínimo 70% da grade como disciplina básica e apenas 30% para os itinerários formativos. Mendonça excluiu esse ponto e, assim, os itinerários formativos poderão abranger mais que 30%.

Mendonça Filho também foi contra a inclusão do espanhol como idioma obrigatório, por criar despesa pública de caráter continuado, sobretudo para os estados. Segundo ele, o espanhol pode ser obrigatório, desde que a rede estadual adote isso. "Não dá para impor essa regra ao Brasil todo", afirmou. 

O deputado Felipe Carreras (PSB-PE) apresentou um recurso para retomar a obrigatoriedade. Ele ressaltou que o espanhol não é uma imposição de língua obrigatória, mas apenas uma opção em relação ao inglês. "Não estamos obrigando os estudantes a escolher a língua espanhola: 70% dos estudantes que fazem o Enem escolhem o espanhol", afirmou.

Plano de Curso para Emergência Climática

  Plano de Curso: Emergência Climática – Ensino Médio Carga Horária Total:  60 horas (15 semanas, 4h semanais) Objetivo Geral: Promover uma ...